segunda-feira, março 27, 2006

Paradise Now e MST

Paradise Now:

Pra quem nem ouviu falar desse filme, foi feito em colaboração entre França, Alemanha, Holanda e Israel e é todo falado em árabe. A trama se desenvolve a partir da convocação de dois homens bomba para realizarem um atentado em Tel-Aviv. Gostei, com certeza vale à pena conferir, mas apesar dos momentos de tensão e do filme prender a atenção mesmo com longos períodos de silêncio, achei a trama romantizada demais. Posso estar errado, mas acho que homens bomba de verdade não são assim.


MST:

A Universidade Federal de Pelotas está estudando a possibilidade de abrir uma turma de veterinária, com 60 vagas, somente para membros do MST.

Depois dizem que é um absurdo as pessoas conseguirem as coisas por influência ou amizade, condenando os “filhinhos de papai” que conseguem altos cargos sem precisarem de enfrentar competição.

Um membro do MST pode não ter nascido de pai rico e/ou influente, mas o movimento está realizando um bom trabalho ao assumir esse papel.

Daqui a pouco vai ter sem-terra dando carteirada e dizendo:

- Você sabe quem eu sou? Sou filho do MST!

Depois, vão contar vantagens e esfregar na cara dos “privilegiados” o fato de o “papai” poder colocá-los pra dentro de uma Universidade Federal.

terça-feira, março 21, 2006

Paciência

A voz sebosa resmungou do outro lado da linha, arranhando meu tímpano direito. Atendimento ao cliente, Vera Regina, boa tarde... Boa tarde, eu gostaria de adquirir o jogo do campeonato mineiro... De que cidade o senhor está ligando? Porto Alegre. E o que o senhor gostaria de adquirir? O jogo das semi-finais do campeonato mineiro... Um momento, por favor. Musiquinhas de sala de dentista e de elevador são até toleráveis, mas enfiem agulhas nos meus olhos antes de me forçarem a escutar cinco minutos dessa merda de tele-marketing. Senhor, esse jogo não está disponível para a cidade de Porto Alegre. Não está disponível? Joguei o corpo para trás na cadeira e olhei para o teto, esticando o braço esquerdo e clamando aos deuses. Mas por quê? Não está disponível, senhor. Você poderia averiguar para mim se existe alguma possibilidade de eu comprar esse jogo e assisti-lo no próximo domingo? Não existe, senhor, não está disponível. Não, moça, o que eu quero é que você leve esse meu pedido pra alguém que possa realmente dizer se é possível ou não... Mas já estou dizendo para o senhor, não está disponível. Por quê não está disponível? Porque a empresa não disponibilizou para os assinantes em Porto Alegre. E por quê? Os jogos estão sendo filmados e transmitidos em vários outros lugares, por quê não pra cá? Porque não estão disponíveis, senhor. Mas eu quero saber por quê não estão disponíveis! Deixa pra lá. Gostaria que você checasse isso pra mim a fundo e me desse uma resposta antes de domingo. Isso é impossível, senhor. Como assim, impossível? O sistema não funciona assim, senhor. Posso registrar aqui a sua reclamação, mas o senhor terá que retornar a ligação para saber mais informações no futuro. Meus lábios descreveram silenciosamente as palavras “puta que pariu”. Vocês não podem me ligar ou enviar um e-mail? Não, senhor. Mas eu recebo toda hora e-mails de propaganda da empresa, dizendo que eu tenho que comprar isso, comprar aquilo... Sim, senhor, esses e-mails são gerados automaticamente no sistema. Pois é, e eu gostaria de receber um e-mail com uma resposta em relação à minha reclamação. Não é a forma que o sistema funciona, senhor. Senti a veia estufar na testa. Aqui, vamos parar de colocar a culpa no sistema! Eu entendo de computadores, não é o sistema que controla a gente, nós que controlamos o sistema. Sim, senhor, mas a empresa tem milhões de clientes, não há como gerar e-mails personalizados... Se a empresa tem milhões de clientes, quer dizer que vocês estão é ganhando muito dinheiro! Vocês é que tem que se virar por aí! Eu pago mais de cem reais por mês pra na hora de uma reclamação escutar isso? Que vocês não vão me responder? Isso é que é valorização do cliente! Senhor, estou registrando sua reclamação, que será encaminhada ao departamento responsável. Então vocês vão me enviar uma resposta? Pode demorar até três meses para termos uma reposta, o senhor terá que ligar para se informar. Meu olho esquerdo começou a piscar incessantemente e minha mão apertava o braço da cadeira esgoelando um pescoço imaginário. Mas eu não quero ligar pra me informar! Eu quero que vocês entrem em contato comigo pra dizer se resolveram ou não o meu problema! E preciso disso antes de domingo! Senhor, isso não é possível. O jogo não está disponível. É, você já disse isso! Mas nem você sabe por quê ele não está disponível! O que eu queria, como cliente, e supostamente isso teria que significar alguma coisa, é que vocês dêem atenção ao meu pedido e tentem resolver o problema! E depois me liguem ou mandem um e-mail dizendo se puderam ou não resolver e as razões! Senhor, essa não é a política da empresa... A política da empresa é não dar a mínima pras reclamações e deixar o cliente insatisfeito? Não, senhor, nós... Então, por favor, tente resolver o meu problema em vez de me dizer alguma coisa sem ao menos saber o por quê! O que o senhor tem que entender é que o jogo não está disponível... Fechei os olhos e perguntei a Deus o que tinha feito pra merecer aquilo... Então eu não quero mais os seus serviços, quero cancelar. Só um momento, senhor, vou passá-lo para o atendimento especializado.

Como em finais de filmes infantis, tudo ficou bonito. Uma voz mais confortável e sedosa atendeu. Oferecia vantagens e descontos. Usava palavras inteligentes e argumentos convincentes. Soltava agradáveis risadinhas, como se me conhecesse desde a mais tenra idade. Suaves momentos depois, desligamos.

O jogo, não vi. Para os que perguntaram por quê não consegui comprá-lo, inventei uma complicada explicação envolvendo satélites e concessionárias de telecomunicações. A conta, milagrosamente, diminuiu um pouco. Mas cobraram duas vezes pela chamada.

sexta-feira, março 17, 2006

Vacilo, Leituras e Crash

No texto sobre a viagem de carnaval, esqueci de mencionar as ilustríssimas presenças de Raul, Suzete, Alfeu e Dete, em Garopaba. Eles passaram todo o carnaval por lá. Organizamos churrasquinho, fomos fazer “sandboard”, praia, butiquim e tudo mais. Como pude esquecer? Foi um vacilo mesmo, apontado enfaticamente pelo Raul, quarta, na comemoração de aniversário dele. Mereci. :-)

Terça-feira terminei de ler “O Príncipe”, de Maquiavel. Ótima leitura, com certeza lerei de novo em breve para tentar sacar melhor os detalhes e sutilezas. Acho que, de uma perspectiva “macro”, o livro não apresenta nada novo. Isso porque creio que tudo o que Maquiavel descreve no livro já está profundamente internalizado nas ações e posturas de todas as pessoas na atualidade. É engraçado, porque eu fui influenciado pelo livro antes de lê-lo!

Ao terminar “O Príncipe”, peguei carona e comecei a ler “O analista de Bagé”. Li numa sentada só, rapidinho. Engraçadasso! Não gostei de algumas das crônicas, que achei meio vazias e outras podiam ser bem melhores, mas a maioria é de tirar o chapéu pro Luís Fernando Veríssimo.

Agora estou lendo “Orgulho e Preconceito”, versão original em inglês. Leitura bem fácil, esse vai ser rápido também. Próximos na fila: “Memória de minhas putas tristes”, do Gabriel Garcia Márquez (traduzido ao português) e “Moby Dick”, do Herman Melville (original em inglês). Esse último recomendadasso pelo Lelê.

Putz, nem lembro se semana passada falei aqui no blog que já mandei meus trabalhos pro concurso do MEC... Enfim, já mandei e chegaram lá. Agora é só esperar o resultado, no final de abril!

Crash:

Esse filme espancou “de com força!” Desaconselho aos fracos de coração. A tensão visceral, pesada, angustiante, aparece de repente, em doses cavalares. Quando começamos a pensar que já passou, ela volta novamente.

O racismo é ilustrado de várias formas, explícito, implícito, consciente e inconsciente. Retratam o preconceito, e a indignação que causa, de forma completamente parcial, ao longo de todo o filme, mas não em relação a um só ponto de vista: cada personagem usa seu próprio referencial. A direção e edição (aproveitando-se do roteiro impecável) conseguem inserir o espectador na mente e no sentimento de cada um (imagino que quem não tem a “cabeça pelo menos um pouco aberta” em relação ao assunto, não perceberá isso).

Lembrei do texto que escrevi e publiquei aqui no blog há alguns dias “Anterior ao Conceito”.

Putz, acabei de perceber: Bem que eu tava achando o vocabulário "Orgulho e Preconceito" simples demais comparado com o filme... O livro que temos aqui (q eu peguei da biblioteca do ap de BH) é uma versão simplificada do livro original! Fiquei puto! Nem vou ler mais, tô passando direto pro "Putas Tristes".

terça-feira, março 14, 2006

O Senhor das Armas, A Proposta e etc.

Domingo vimos dois filmes, de graça, na casa do Eleandro (bendita seja a internet!). O Senhor das Armas e A Proposta.

O Senhor das Armas foi um filme que perdi por não ter visto no cinema. Pra mim, o cinema é uma experiência completamente à parte da televisão (ou da tela do PC, no caso). No cinema eu me sinto muito mais absorvido pelo filme. Até conseguimos improvisar uma "sala de exibição" que ficou muito fina, com sofazinho, cadeira pra apoiar os pés, cachorro quente e a luz daquelas que vão apagando aos poucos. O filme é baseado em fatos reais e a trama muito bem elaborada. Acho que um filme como esse deve chocar bastante gente e até fazer pessoas negarem que ele seja verdade. Eu não fiquei chocado, porque que a a realidade deve ser ainda pior. Em paralelo à história que envolve as armas, estão os dramas pessoais das personagens, a busca incessante por uma identidade e a cegueira que ela pode causar, quando encontrada.

A Proposta é um filme nada convencional. A construção da história e das personagens se dá de uma forma muito peculiar. Não existe uma introdução a cada personagem no início, como de costume. Eles vão sendo descobertos ao longo de todo o filme, de acordo com as suas ações. Em um primeiro momento não me pareceu muito interessante, mas parando para analisá-lo, deu vontade até de ver de novo.

Sábado fomos no show da banda de um amigo meu (André "Grande Presença"). O show foi lá em Viamão (a Betim de Porto Alegre). Antes fomos jantar na casa dele e conhecemos a esposa e o filho. Strogonoff delicioso e mousse de maracujá! Foi o primeiro show da banda, que toca pop/rock, o André é o vocalista. Ele antes tinha uma banda de música tradicional gaúcha, mas saiu e começou essa agora. Voltamos pra casa às 5 da matina, com carona de um amigo do André gente finassa. Acordei às 8:30 pra assistir a corrida. Saldo: até hoje tô meio quebrado.

domingo, março 12, 2006

Um ano de casados!

Dia 3 de março fez 1 anos que chegamos em PoA. Hoje, dia 12, faz um anos que Janine e eu estamos morando juntos! UHUUUUUUUUUUUUU! Passou voando!

Tô só vendo: na hora que a gente perceber vão ser 15 anos e dois pimpolhos gritando pela casa...

DOOOIDO!

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Quinta-feira vimos Orgulho e Preconceito. Confesso que não esperava tanto, mas mesmo que esperasse muito, teria me surpreendido. O filme é todo bom: atores, direção, fotografia, roteiro etc. Mas os diálogos... São pra embasbacar qualquer um! Quase nada é dito diretamente, tudo nas entrelinhas. Espetacular! O sarcasmo e os "joguinhos" de palavras são impressionantes!

Achei esse filme bem estilão "O mercador de Veneza" e tão bom quanto. Vê-lo-ei novamente, com certeza!

O livro "Pride and Prejudice" nós temos aqui em casa, em inglês, só que eu ainda não li. Ênfase no AINDA.

quinta-feira, março 09, 2006

Notícias, Capote e Papo de Crente

Eu não tava aguentando mais ficar sem aliança! Sério mess, depois q acostuma é muito esquisito! Toda hora ficava olhando pra minha mão e coçando o lugar do anel. Compramos a nova aliança na mesma loja, terça feira. Foi legal pq a vendedora era gene finíssima e ofereceu pra trocar a da Janine q tb tava um número acima. Saímos os dois com alianças novas! Q romântico!

Outra coisa que esqueci de dar ênfase aqui foi a pelada de sábado. Toquei no assunto outro dia, mas não dispensei a importância merecida. No sábado passado foram 3 horas de pelada. Futebol de salão, quadra de taco impecável, 3 times. Fiz 3 gols. (Quanta trindade!). E quanto custou por cabeça? ZERO reais! É isso mesmo! Arranjei uma pelada DE GRAÇA, num lugar muito doido, onde a galera joga até cansar! Foi paia ficar quase 1 ano aqui sem jogar bola direito, mas valeu a espera! Não é muito perto de casa, mas é tranquilo de ir e rola carona de volta.

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Ontem fomos ver Capote. Desde o momento em que o filme acabou, eu soube que ia ser difícil escrever uma crítica... O silêncio das cenas diz mais que as palavras. Aparece a todo momento, deixando o espectador sozinho e isolado, obrigando-o a encarar seus próprios pensamentos*. O cinza, constante, franze os rostos e entorta as bocas. Foi difícil sair da sala carregando sete caixões.

* Alusão à fala do próprio Capote.

Atuação impecável por Philip Seymour Hoffman. Interpretou com perfeição um papel que difere, em todos os aspectos, de qualquer outro trabalho por ele antes realizado.

"In Cold Blood" tem agora lugar de destaque em minha lista de livros a ler.

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Ponto pro Oscar:

Não assisti a cerimônia, mas vi a lista de ganhadores no dia seguinte. Fui surpreendido. Minha previsão de que Brokeback Moutain seria o grande ganhador, por questões comerciais e políticas, estava errada. Acho que ganhou o que mereceu. Dureza é ter que ler coisas tipo: "Hollywood ainda não está pronta para lidar com o homossexualismo" ou "Hollywood coloca mais uma vez o assunto no armário". Não seria possível que o filme simplesmente não foi o melhor?

Lembrete: Um filme é constituído de vários elementos. Não pode e não deve ser julgado somente pelo tema, por melhor que seja.

Continuo com os "pés atrás" em relação ao evento, mas se antes o conceito (de 0 a 10) era 2, agora subiu pra 3.

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Testemunhas de Jeová

Estava escrevendo quando escutei um papo eclesiástico penetrando o quarto. Olhei pela janela e vi, ao interfone, duas mulheres com bíblias nas mãos. Tocavam de apartamento em apartamento na tentativa de propagar a “palavra”.

Curioso, sentei ao lado da janela escutando os discursos que culpavam “o demônio e seus anjos malignos pelos descaminhos da humanidade”. Desejei que tocassem aqui em casa, formulei um bom argumento: “O demônio é uma criação das pessoas, que, ao invés de tomarem responsabilidade por seus atos, colocam toda a culpa nele”.

Escutei enquanto elas falavam com diversas pessoas, que tinham reações mais diversas, desde a total aceitação até o clássico “xingar e desligar na cara”. Meu interfone continuava mudo.

Tive que ir até a entrada do prédio.

Foi tiro e queda: ao sair pelo portão, a mais velha me abordou. “Gostaria de deixar contigo esta leitura que nos diz o por que devemos confiar na bíblia...” Morderam a isca.

Quando manifestei que não achava o “bom livro” tão confiável, ela o abriu e mostrou passagens que “comprovavam” a veracidade do documento.

Eu disse:

- O que acho engraçado é alguém querer provar que um livro é verdadeiro mostrando partes do próprio... Quer dizer que se eu escrevesse um livro e colocasse trechos dizendo que tudo é verdade, ele se tornaria verdadeiro?

Ela olhou pra mim, fixamente, mas não parecia que estava me enxergando. Deu “tilt”, “tela azul”, “loop infinito”.

Momentos depois – após reiniciar o sistema – ela disse:

- Porque, veja só, nesta outra passagem, Jesus diz que a palavra de Deus é incontestável e que devemos seguir sua vontade...

Fiz algumas outras perguntas, tipo: “Quem montou a bíblia da forma que ela é hoje? Veja só quantas religiões cristãs existem, você não acha que a bíblia é muito aberta a interpretações?”.

Num certo ponto pensei que a senhora fosse “travar” completamente, mas o boot estava cada vez mais rápido e ela insistia em ler mais e mais trechos. Não demorou a começar a falar sobre “a verdade”.

Bastou. Agradeci o panfleto que me havia dado e disse que tinha que ir. Foi uma pena ela não ter tocado no assunto do demônio.

terça-feira, março 07, 2006

Pantera Cor-de-Rosa e texto

A nova versão de A Pantera Cor-de-Rosa ficou muito boa. Ri pra caralho. Doido demais ver o Jean Reno num filme assim, o cara é muito bom. Quero só vê-lo no Código da Vinci.

O filme alcançou o máximo que se podia esperar de uma versão atualizada de um clássico tão famoso. Como diria qualquer jogador de futebol: "Clássico é clássico e vice-versa". Prefiro os antigos, mas o novo vale à pena conferir.

Vai aí uma breve crônica:

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Anterior ao conceito


O ônibus corria pela avenida. Cabeças dançavam conforme as curvas frenéticas e os buracos no asfalto. Um moleque esgueirava-se por debaixo da roleta enquanto sua mãe pagava a passagem.

Aventureiro, tentou caminhar sozinho até o fundo do coletivo, onde havia dois assentos livres. Uma curva e um solavanco depois, estava estatelado no chão, perto de meus pés.

Assisti à cena, inerte.

Ele se agarrava ao piso na tentativa de ficar imóvel em meio a todo o tremor. Olhava em volta, aterrorizado.

Longos segundos se passaram. Eu era o único que olhava, por cima, em sua direção.

A mãe veio xingando-o pelo atrevimento. Agarrou o braço miúdo e o arrastou até o assento.

Teria eu estendido a mão se ele fosse branco?


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domingo, março 05, 2006

Carnaval!

Saímos às 15 horas de sábado, dia 24/02, pra ir pra Cambará do Sul, na região dos canyons. O Fábio dirigindo o Uno (carrinho guerreiro esse), a Thaís na frente, Janine e eu atrás.



Faltando uns 60 km pra chegar em Cambará, debaixo de uma chuva gelada e torrencial, o carro morreu no meio da estrada. Descemos Fábio e eu, com um guarda chuvas que pouco adiantava, e fomos olhar o que poderia ser. Pela indicação no painel tinha a ver com a bateria, mas não fazia sentido porque era nova. Não conseguimos identificar o problema, então pegamos os celulares para chamar o reboque. Todos sem sinal. A estrada era tão no meio do nada que nenhum dos quatro celulares que tínhamos à mão nos servia.

Fiz sinal para um carro, que parou. Com o celular de uma das pessoas do carro, que tinha uma antena maior, o Fábio conseguiu ligar pro seguro e pedir o reboque. Disseram que chegaria em quarenta minutos. Voltamos para o carro, trocamos as roupas molhadas e comemos o queijo que havíamos comprado em uma cidadezinha no caminho.

Quase duas horas depois, chegou o guincho, que nos levou até Cambará do Sul. Thaís e Janine foram na cabine com o motorista, mas Fábio e eu tivemos que ir dentro do carro, escondidos.

Chegamos em Cambará exaustos, ainda debaixo de chuva. O homem do carro que parou tinha nos indicado um restaurante onde havia também um mecânico, fomos direto pra lá.



Jantamos e resolvemos não ir pro camping naquela noite. Arranjamos uma "pousada alternativa" (casa de familia que recebe turistas) e fomos pra lá.

Uma velhinha morava sozinha na casa, muito atenciosa. Dormimos e comemos um café da manhã profissional.

Domingo armamos as barracas no camping e fomos ao Canyon Fortaleza. Fizemos duas trilhas, ambas maravilhosas. Já na primeira trilha, enquanto estávamos passando pelas pedras de um rio, na beira de uma cachoeira de sei lá quantos metros de altura (chuto uns 400), senti a mão meio leve e percebi que a minha aliança tinha caído. Procuramos em vão... Fiquei muito puto.





De noite voltamos ao camping, onde estavam realizando um rodeio, lotado. Demos uma volta por lá e quando o movimento acabou fomos fazer a janta. Depois de comer um mega miojo com atum fomos dormir, ou pelo menos tentar dormir. Um pessoal acampado logo ao lado ficou escutando música altíssima, bebendo e gritando até quase 5 da manhã. BLERGH! Deu vontade de matar todos eles com requintes de crueldade.

Na segunda feira fomos ao Canyon Itaimbezinho, também muito bonito. Uma caminhada bem longa. Nessa noite conseguimos dormir porque o povo lá foi embora.



Terça tomamos café da manhã, desmontamos o acampamento e pegamos estrada para Farol de Santa Marta, em Santa Catarina. No meio do caminho decidimos ir um pouco mais além, pra Garopaba. Saldo da viagem: um pneu furado e cano de descarga solto (Unão fazendo barulho de moto o tempo todo!).

Lá ficamos em um camping muito bem estruturado, com espaços pra refeições e banheiros muito arrumados e sempre limpos.

Cada dia fomos em uma praia diferente. Garopaba, Siriú, Ferrugem e Barra. Nas noites passeamos pela cidade (no primeiro dia Janine e eu rodamos a cidade inteira e depois pulamos um pouco no show de música baiana na praia), sentamos olhando pro mar, fomos em butiquins. Foi muito legal.

Choveu à noite nos últimos dois dias. Se não tivéssemos comprado um colchão inflável no segundo dia, estaríamos ferrados. Eu já estava cansado de dormir no chão, então insisti. É até bom porque vamos usá-lo para hóspedes em casa. O colchão é impermeável, e quando tiramos pra desmontar a barraca, vimos o tanto de água que tinha entrado e acumulado embaixo.

Sexta de manhã fomos às dunas fazer "sandboard". DOIDO DEMAIS! Caí bastante, mas no final já estava pegando as manhas.



Às 9 da manhã de sábado, dia 04/03, terminamos de desmontar acampamento e viemos de volta a PoA. A viagem foi tranquila (O Fábio mandou arrumar o cano de descarga em Garopaba).



Apesar da constante aplicação de protetor solar, fiquei negão. Ainda bem que foi gradual, então não ardeu muito. Janine tb ficou negona.

Chegamos às 13:30, e fui direto jogar bola. Me ligaram lá em Garopaba marcando. Deixamos as coisas em casa e o Fábio ainda me deu carona até lá. Jogamos de 14:00 até 17:00, haja pé! Pessoal gente fina. Finalmente arranjei uma pelada fixa. Todo sábado às duas.

Voltei pra casa e fiquei com a Janine no sofá. Só na bodação.

Duas coisas interessantes que aconteceram nessa viagem: em Cambará, entramos em uma loja à procura de capas de chuva. Uma mulher nos antendeu, o filho brincava por perto. Quando o pequeno me viu, escondeu atrás da mãe e ficou olhando fixamente pra minha barba. Em Garopaba, estava caminhando na praia, quando vi uma criancinha brincando na areia. Ao passar perto, ela se levantou olhando pra mim. Eu dei um sorriso e ela começou a chorar. Vieram acudí-la na hora e a pobre criança continuou a me olhar sob os ombros da mãe.

Conclusão: passei de Gandhi a mostro assustador de criancinhas... Pq será?