quinta-feira, outubro 18, 2007

Tropa de Elite

Vi no cinema no último sábado, o filme é bom em todos os aspectos técnicos, bem dirigido, bem produzido, roteiro muito bem planejado, ótimas atuações, e por aí vai. Mas, como o Cidade de Deus, o mais interessante do filme é que ele mostra (mesmo que ainda "maqueado") vários fatos, desde diferentes perspectivas, e isso causa muita reflexão e muito debate.

Meu amigo Aleja (também conhecido como Rodrigo Chaves, artista plástico, que tem um blog ducaralho e tá nos links aí do lado), no post de 13 de outubro de 2007, escreveu um texto muito interessante sobre as impressões dele sobre o filme e algumas opiniões e reflexões causadas pelo mesmo (tem uns parágrafos sobre um outro documentário "METAL", depois fala do Tropa de Elite). Eu comentei lá e gostei tanto do comentário (ô modéstia!) que resolvi colocar aqui tb, até pra finalmente postar alguma coisa mais contundente aqui nesse trem.

Quem quiser ler o texto do Aleja, clique aqui ou no link "Rodrigo, o Aleja" aí do lado. O meu comentário relativo ao Tropa de Elite vou colar abaixo:

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Realmente "Tropa de Elite" é um dos melhores filmes brasileiros (esse eu fiz questão de ver no cinema). Levanta muitas questões interessantes e causa discussões produtivas, o q é ducarái!

A questão do "usuário culpado" é realmente fato, mas a coisa não é tão simples. O usuário tem culpa, mas não 100% dela, existe por trás dele toda uma rede de decisões. A "escolha de sustentar o crime" não é assim sempre "consciente", tanto quanto a decisão de virar traficante. É fato que se não houvesse demanda, não haveria oferta, mas esse fato só existe no mundo da imaginação. A demanda e a oferta por drogas sempre existiram e sempre vão existir. O esquema é fazer com que esse não seja um "negócio" interessante para quem trabalha no meio, é tornar o custo-benefício baixo, tanto financeiro quanto social. Se o cara tem à disposição um emprego que paga bem e ele não precisa de tomar tiro pra isso, ele vai preferir (e mesmo com as coisas do jeito que são hoje, a grande maioria das pessoas prefere um subemprego que não paga nem a comida do que se meter com tráfico). Vc reprime quem trafica (mas tem que reprimir pesado TODO o sistema, não só a ponta do iceberg, q é a distribuição local) e possibilita condições praqueles que substituiriam os atuais não o fazerem. Essas questões abrem várias outras, como a viabilidade da legalização das drogas, até que ponto a repressão violenta é negativa ou positiva (e até mesmo COMO medir isso), a valorização da mão-de-obra, a corrupção como expressão máxima do "cada-um-por-si e EU pisando em quem passar na frente", a passividade política do Brasil frente às outras grandes potências econômicas do mundo e por aí vai. É pano pra muita manga!

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