quarta-feira, julho 27, 2005

...

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.


Luís de Camões
Soneto 49 - 1595


Obs.: Li este soneto no ônibus. Aqui em PoA eles colocam vários poemas nas janelas dos ônibus, doidimais! A maioria é de autores locais (tem um concurso todo ano). Tem uns bem mais ou menos, e lembro que enquanto lia esse pensei: "Mas esse é muito bom!!!" Quando li o nome do autor dei uma risada, pela ironia da situação.

3 comentários:

Anônimo disse...

Fala velho...
Aqui em BH agora tem isso também. Mas normalmente são escritores novox.

guim7 disse...

Aqui no Rio também tem isso. Só para citar um tava escrito no 175 (Central do Brasil até a Barra da Tijuca via Vidigal e Rocinha)

"é nóis que tá
é nóis que vai ficá"
Zé Rato do Vidigal

fabs disse...

hehehehehehehehe!